A DIFICÍLIMA ARTE DE ENSINAR NO BRASIL ATUAL
Há 38 anos, mais ou menos,
abracei a profissão docente. Muito moço, quase um menino, como dizia uma amiga
minha, entrei numa sala de aula, no segundo semestre do primeiro ano de universidade. Entrei e,
mesmo com o forte stress dos primeiros dias, permaneci na profissão até hoje. Já ensinei a milhares de pessoas em
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraná e Bahia. E
ensinei sempre acompanhado de um entusiasmo enorme. Sentia-me um felizardo por ser professor!
Atualmente, e no momento
em que me encontro com muito mais experiência docente, didática, fui tomado de uma total desesperança, a ponto
de pensar em afastar-me para sempre da sala de aula. E por que?
De uns dez anos para cá, mais ou menos, ou até
um pouco mais, os pilares em que se apoia a educação em qualquer lugar do mundo
foram desconstruídos no Brasil: Hierarquia, Disciplina, Ordem e Respeito aos Professores
nos colégios e nas instituições de ensino superior. Houve uma total inversão de valores que
impossibilita qualquer trabalho docente sério.
Poucos , por exemplo, são os professores universitários que topam
enfrentar o quadro adverso que encontram diuturnamente na sala de aula.
Preferem colocar em seu lugar “ monitores”, alunos de mestrado em estágio de docência,
ou aplicar semanalmente “provas” para assim conseguirem sobreviver psíquica e
fisicamente.
Os alunos, inclusive universitários, vão
para a instituição de ensino não com o propósito de aprender, de discutir novas
ideias e tecnologias, mas para brincar, conversar em sala de aula e, com certa
frequência, debochar dos professores que, em pé, sobre um tablado improvisado, trabalham conteúdos, às vezes de
grande complexidade e importância para a sociedade que, inclusive, está
financiando as faculdades e universidades públicas. Constantemente, sou forçado
a interromper a minha aula para pedir silêncio e atenção ao que estou abordando
didaticamente. Mas esse tipo de pedido é absolutamente inútil. Poucos minutos após a solicitação ter
sido feita, a conversa continua, os bilhetinhos de papel circulam entre os
colegas, os risinhos voltam após a
leitura daqueles... Sinto-me no papel de
um palhaço, que nem aplausos recebe após a “ópera bufa” que representou.
Existem exceções, é
verdade. Há alunos conscientes, interessados, que sabem que o mercado de
trabalho, lá fora, é exigente e não absorve profissionais indisciplinados e com
péssimo currículo. Esses são uma minoria, pelo que observo. O mercado lá fora não tem a permissividade absurda em que
deixaram mergulhar a universidade brasileira.
Considero, com grande
amargura, que ensinar atualmente, em qualquer nível, é apenas uma perda de
tempo.
8 comentários:
Subscrevo totalmente o seu comentário. Fiz muito bem em me aposentar. Não sinto falta nenhuma da sala de aula.
Sua colocação talvez seja de muitos professores que estão desanimados com a profissão, estive durante 36 anos trabalhando como professora e nada mudou durante todo esse tempo, quando abraçamos a causa acreditamos que iremos contribuir para uma sociedade esclarecida mas,a mola mestra principal (alunos) não estam preparados para absorver, o ritmo de vida que levam não dá tempo de se pergutarem, o que estamos fazendo sentados em uma cadeira por um bom tempo? quais os nossos objetivos? o governo por sua vez pouco está preocupado e a medida que vai nascendo novos professores eles entrarão no ritmo faço que ensino e eles fazem que aprendem. É uma pena, eu gostaria que antes de morrer acontecesse uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE!
Sua colocação talvez seja de muitos professores que estão desanimados com a profissão, estive durante 36 anos trabalhando como professora e nada mudou durante todo esse tempo, quando abraçamos a causa acreditamos que iremos contribuir para uma sociedade esclarecida mas,a mola mestra principal (alunos) não estam preparados para absorver, o ritmo de vida que levam não dá tempo de se pergutarem, o que estamos fazendo sentados em uma cadeira por um bom tempo? quais os nossos objetivos? o governo por sua vez pouco está preocupado e a medida que vai nascendo novos professores eles entrarão no ritmo faço que ensino e eles fazem que aprendem. É uma pena, eu gostaria que antes de morrer acontecesse uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE!
Agradeço a aos colegas pelos depoimentos aqui postados.
Lucivãnio
Eu continuo acreditando que ensinar atualmente não é apenas uma perda de tempo, pela mesma razão exposta: ainda existem alunos interessados,que querem aprender e precisam de professores como você,dedicados e competentes, que apesar de todas as adversidades nunca deixou de pesquisar,de se atualizar e de contribuir para o conhecimento da Ciência Geográfica.
Eu não sou professora, no entanto sei perfeitamente da luta diária dos professores por uma educação de qualidade, salários dignos, ambiente de trabalho adequado, além de outras necessidades e dificuldades enfrentadas,pois convivo com alguns desses profissionais dedicados e competentes que merecerem maior atenção e respeito.
Portanto,mesmo que apenas uma minoria tenha correspondido aos seus ensinamentos, acho que valeu a pena, não foi em vão.
Deixo aqui registrado a minha admiração e respeito aos Professores.
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No ensino fundamental do município do Recife o CICLO DE APRENDISAGEM sem instrumentalização e progressão automática é o CAOS!
Sérgio Pereira
Aproveito para desejar Feliz Aniversário ao amigo Lucivânio.
oipereirape@oi.com.br
Concordo com o seu comentário e acho que essa falta de respeito como professor em sala de aula vem da educação familiar que não funciona mais como a algumas décadas atrás, infelizmente.
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