18.4.14

OS PÁSSAROS


OS PÁSSAROS
Lucivânio Jatobá

O pássaro deu um voo rasteiro, como fazia sempre pelas manhãs. Apanhou um alimento e voltou para o ninho, que permanecia arrumado, apesar da inquietação de um filhote que nele habitava. Lá dentro, o filhote faminto aguardava a comida diária.
O filhote foi crescendo rapidamente. Apareceram-lhe as primeiras penas e uma necessidade de fazer um voo, semelhante ao do pai , para adquirir alimentos no chão do quintal. Equilibrando-se, com dificuldades, o filhote batia asas e sonhava com voos amplos para horizontes longínquos.
O filhote aprendeu a dar pios, que ficavam cada vez mais altos e mais alegres.
O pássaro- pai , como fazia sempre, foi buscar alimentos mais longe, numa certa manhã, e demorou um pouco mais nessa busca. Ao voltar, encontrou o ninho vazio. Ao lado, pendurado num galho, um caju mostrava-se todo roído e inerte. Só agora prestara atenção a este detalhe da árvore que abrigava todos. O pássaro-pai olhou para todos os lados, emitiu um canto triste, mas meio solene. Cantou, e cantou e cantou sempre mais alto. Inútil. Escutava apenas o barulho da discussão de duas pessoas lá fora e ruído de automóveis. Nenhum pio foi ouvido mais ...

( A foto do caju foi extraída da página da amiga Ana Amélia Lins)

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