19.4.14

O  MEDO

      Quarta-feira, à  noite, da Semana Santa de 2014,  fui forçado a terminar mais cedo a minha aula de Análise Climática. Discutía, com meus queridos alunos, um tema importantíssimo para a questão ambiental, as relações  entre  o Sol e a Terra. Apenas uns 15% de uma turma de 30 alunos compareceram  à aula. Estranhei. Não pensei em boicote , pois os alunos nunca me fizeram tal desfeita durante as décadas em que leciono na UFPE. O que estava acontecendo para tal esvaziamento, sobretudo no dia em que resolvi analisar a questão das secas  e os ciclos de manchas solares?
      Sentindo no ar um misterioso “clima de apreensão” na turma, resolvi encerrar a aula antes do tempo.  Uma aluna percebendo o meu constrangimento , conversou comigo:
- Professor, o senhor desculpe pela falta dos colegas. E´que está todo mundo apavorado para  pegar um ônibus, pois hoje é dia do jogo do Sport com o Náutico.]
- Sim, mas por que  isso? – indaguei.
E´que agora , quando tem jogo, podemos ser agredidos , violentadas e até mortos dentro dos ônibus!!!!  São as torcidas organizadas, professor!
       Voltei para minha casa muito preocupado com a segurança daqueles meninos e meninas que  vão à Universidade em busca do conhecimento  e mergulham no mundo do medo.  Já tive de dois anos para cá três alunas que foram assaltadas dentro do campus e uma colega   professora agredida por um bandido enquanto saía do Gabinete dela em direção à sala de aula.

       Em cada esquina do país, o deus Pan aguarda os que saem de casa.


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