O MEDO
Quarta-feira,
à noite, da Semana Santa de 2014, fui forçado a terminar mais cedo a minha aula
de Análise Climática. Discutía, com meus queridos alunos, um tema importantíssimo
para a questão ambiental, as relações entre o
Sol e a Terra. Apenas uns 15% de uma turma de 30 alunos compareceram à aula. Estranhei. Não pensei em boicote ,
pois os alunos nunca me fizeram tal desfeita durante as décadas em que leciono
na UFPE. O que estava acontecendo para tal esvaziamento, sobretudo no dia em
que resolvi analisar a questão das secas
e os ciclos de manchas solares?
Sentindo no ar
um misterioso “clima de apreensão” na turma, resolvi encerrar a aula antes do
tempo. Uma aluna percebendo o meu
constrangimento , conversou comigo:
- Professor, o senhor desculpe pela falta dos colegas. E´que
está todo mundo apavorado para pegar um
ônibus, pois hoje é dia do jogo do Sport com o Náutico.]
- Sim, mas por que
isso? – indaguei.
E´que agora , quando tem jogo, podemos ser agredidos ,
violentadas e até mortos dentro dos ônibus!!!!
São as torcidas organizadas, professor!
Voltei para
minha casa muito preocupado com a segurança daqueles meninos e meninas que vão à Universidade em busca do
conhecimento e mergulham no mundo do
medo. Já tive de dois anos para cá três
alunas que foram assaltadas dentro do campus e uma colega professora agredida por um bandido enquanto
saía do Gabinete dela em direção à sala de aula.
Em cada esquina
do país, o deus Pan aguarda os que saem de casa.
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