19.4.14

CORAÇÃO MATERNO

Há músicas que marcam a pessoa para sempre. No meu caso, foi Coração Materno, de Vicente Celestino, há muitas décadas.
Minha mãe, muitas vezes, ninava-me ou me colocava para ouvir essa canção na radiola. A música era o ápice da letra dramática, extremamente dramática, brasileira da canção popular.
Os versos descrevem o amor sem medidas de um Campônio por uma moça. O Campônio quer provar à idolatrada que a ama e quer que ela lhe peça algo. A amada exige que, para provar que ele a ama, arranque o coração da mãe e traga-lhe.
Os versos me apavoravam, pois imaginava isso acontecendo com minha mãe. Contudo, adorava, paradoxalmente, ouvir Coração Materno no vinil de 78 rpm.
Nunca esqueci os versos, por mais trágicos que fossem....
Apavorava-me com os versos finais:

"Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando
Da velha mãezinha o pobre coração
E volta a correr proclamando
"Vitória, vitória, tem minha paixão"
Mas em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou:
"Magoou-se, pobre filho meu?
Vem buscar-me filho, aqui estou,
Vem buscar-me que ainda sou teu!"

Eis a canção, na extraordinária interpretação de Cida Moreira.
Eis a magnífica interpretação de Caetano Veloso  para Coração materno

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