1.12.05

O INCRÍVEL PODER DEMOLIDOR DO PODER

Sou da chamada “Geração 68”. A geração da rebeldia, da quebra de regras sociais, da coragem, dos ideais socialistas, marxistas ou não. A geração das passeatas, dos enfrentamentos violentos com policiais. A geração de Gabeira, de Vladimir Palmeira, de José Dirceu...
O poder hoje, no Brasil, em suas diversas instâncias, está nas mãos da geração 68. E quanta decepção me dá ao ver meus ex-líderes, pessoas que eu achava puras, honestíssimas, simples, desprovidas de vaidades e orgulhos, apresentarem-se com os mesmos defeitos ( aliás, com defeitos piores) daqueles a quem a geração 68 combatia ferozmente...
Quanta decepção eu tive quando percebi que o operário-presidente, para utilizar-se da expressão 68, era um “burguês” enrustido... que com uma facilidade impressionante se afastou da classe de onde oriundo. Quanta decepção ouvir do Zé Dirceu, aquele que os registros históricos mostram sobre um automóvel, numa passeata duramente reprimida, discursando para as massas, com o ar de arrogância e prepotência no Palácio do Planalto e em entrevistas que dava antes da crise da corrupção. Quanta decepção ler uma entrevista do Zé Dirceu, em que afirmou que a Reforma Universitária iria acontecer de qualquer jeito e que “o pau iria cantar”, linguagem típica dos truculentos mais primitivos! Quanta decepção assistir ao depoimento do guerrilheiro Genoino, recheado de mentiras. mentiras e mentiras... Quanta decepção ver o operário-presidente defendendo o pagamento de juros astronômicos da Dívida Externa, ao sistema financeiro internacional, pagamento esse que sempre foi por ele combatido, com sua oratória populista... Quanta decepção ver a minha gente desempregada porque a economia nacional não cresce em face das exorbitantes taxas de juros impostas pelo governo do operário...
O Poder tem um poder demolidor imenso. Destrói ideais e pessoas. Parece que ninguém resiste a ele. Vou reler pela enésima vez “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Essa fábula pode ser entendida como o Brasil de hoje.

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